Ir. Patrícia

11/07/2016

Há uma crença que diz: mulheres do sertão são feitas de coragem e fé. O que cabe perfeitamente no perfil da nova Diretora do Santa Cecília, Irmã Patrícia Silva de Vasconcelos. Ela veio do sertão pernambucano, divisa com a Paraíba, da pequena cidade de Itambé. Foi ali, ainda quase menina, que ela trocou o burburinho das festas, os namoros, os sonhos adolescentes por uma vida consagrada.

O que fazer do ideal de mudar o mundo naquele lugar tão diminuto, perdido no mapa? O grupo de jovens da Igreja foi a primeira experiência coletiva de amizade, companheirismo e cumplicidade em torno de um ideal de se voltar para os mais necessitados. Mas era pouco. O contato com Irmãs Paulinas e do Instituto Damas da Instrução Cristã virou o rumo da maré.

A jovem se aprofundou, passou a conhecer um pouco mais da vida religiosa e o Carisma das Damas dedicado à Educação. A chegada ao Colégio Santa Cristina, em Nazaré da Mata, para uma despretensiosa orientação religiosa fincou a pedra fundamental. O espaço da escola, crianças por todo lado, aulas acontecendo, momentos de evangelização... Era como se visse o seu sonho todo prontinho, dentro de uma caixa de presente. Era só retirar o laço.

Maré revolta. Patrícia viu a maior resistência se instaurar dentro de casa. Os pais, sobretudo a mãe, posicionaram-se terminantemente contra a escolha da filha. Ela rompeu com a “ordem natural” de estudar, casar, ter filhos, uma profissão...

A bravura sertaneja se impôs. Patrícia enfrentou a resistência familiar, trilhou seu caminho na solidão. Ela lembra que o seu “enxoval” para entrar na Congregação foi comprado às escondidas, com o dinheiro de seu trabalho como professora, confinado nas casas das amigas. Quando finalmente veio a decisão de sair de casa, Patrícia comprou uma mala, reuniu os pertences, fechou a mala e pôs no quarto. Simbolicamente, estava decretada a decisão irrevogável.

Patrícia encarou um problema de saúde, superou, e deixou para trás pais, irmãos, amigos, vizinhos, hábitos cotidianos. A estrada do sertão pernambucano, com seus longos canaviais, era a metáfora perfeita: um novo horizonte que se abria. Um caminho cheio de sobressaltos, mas no rumo certo.

Irmã Patrícia flertou com o Santa Cecília ainda no noviciado. Alguns meses na Escola e a identificação imediata. Nem imaginava que voltaria na condição de diretora tantos anos depois. Antes disso, ela passou pelo Madalena Sofia, em Maceió, onde viveu sete anos como juniorista, sua primeira comunidade depois de se tornar religiosa, e implantou novos projetos do SOR. Na capital de Alagoas, cursou Pedagogia. No Colégio Nossa Senhora da Graça, em Vitória de Santo Antão, veio o primeiro desafio como diretora de uma Escola da Congregação Damas. Foram três anos de gestão. 

Há cinco anos, Irmã Patrícia chegou ao Santa Cecília e passou por um longo período de transição até assumir a Direção da Escola. Um tempo dedicado a ouvir, observar, aprender e estabelecer vínculos. Uma conquista galgada no dia a dia, entre a rotina na Escola e as aulas no Mestrado em Saúde Coletiva, na Unifor, com foco na Educação. Ela traz seu dinamismo, praticidade, capacidade de gestão e muito desejo para essa nova fase da vida. Em primeiro plano, o que é essencial: receber o bastão de Irmã Eulalia, uma tarefa desafiadora, que ela enfrentou com dignidade, generosidade e reconhecimento.

Fonte: Revista Interatividade

 

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