Meu encontro com Brennand
Ele passava na direção do seu ateliê e ousamos interrompê-lo no que parecia um trajeto já pensado na sua cabeça. O primeiro contato pareceu não desviá-lo do seu caminho. Foi uma palavra mágica que fisgou sua plena atenção: sou filha do Tadeu Rocha, emendou Mônica, filha do professor pernambucano que havia me levado para conhecer a oficina Brennand.
Um tempo mágico ali aconteceu. Tadeu Rocha, além de professor de Brennand, também tinha sido professor de Ariano Suassuna no mesmo período. Segundo Francisco Brennand, um mágico professor: “Enxerguei o mundo pelos olhos dele. Ele, enquanto conversava conosco, fazia com que viajássemos na imaginação”.
E a conversa seguiu sem tempo para acabar. Era um misto de encanto: como a vida havia conseguido juntar tanta gente talentosa, autêntica e admiradores um do outro.
Entre as muitas histórias, Brennand nos contou que o Tadeu Rocha tinha o hábito de dizer que estava morrendo e, assim, os amigos, como ele e Suassuna, corriam para ficar perto dele, o que sempre terminava em muitas gargalhadas. Naquele momento, já não eram mais professor e alunos, mas amigos de uma jornada.
“De tanto blefar”, disse Brennand entre risos, “um dia Deus levou o Tadeu e nós não acreditamos: deve ser mais uma daquelas invenções dele”.
Naquela tarde, fomos ciceroneados pelo próprio Brennand por sua terra encantada; vimos sua obra pelos olhos dele.
Sim, Tadeu Rocha, naquele tempo, ainda estava só noutro plano, depois receberia o amigo Suassuna e, agora, recebe o amigo Brennand: certeza de que estão rindo muito de tudo que viram e viveram.
Ivan Guimarães – Gerente de Comunicação do Colégio Santa Cecília