"A Escola é um campo privilegiado de formação"

Em entrevista, Ir. Patrícia fala de sua trajetória como gestora, dos novos desafios e da importância de fortalecer as escolas católicas.
04/04/2022

São quatro anos coordenando as Escolas Católicas no Ceará, uma gestão reeleita que enfrentou a pandemia de COVID-19, crise sanitária que mudou o mundo e transformou as Escolas. Irmã Patrícia Vasconcelos se divide entre a Direção do Colégio Santa Cecília e a coordenação da ANEC no Ceará. A pernambucana de hábitos cearenses foi a anfitriã do Encontro ANEC, que aconteceu no último dia 2 de abril, na sede do Colégio Santa Cecília. O evento reuniu escolas católicas de todo o estado para pensar a docência, a contemporaneidade e a identidade. Em entrevista, Ir. Patrícia fala de sua trajetória como gestora, dos novos desafios e da importância de fortalecer as escolas católicas, a formação humana e cristã, sem perder do horizonte os desafios da sociedade contemporânea.

 

Qual a importância do Dia ANEC para as escolas católicas do Ceará?
Ir. Patrícia - O Dia ANEC Nacional veio como um acontecimento para unir todas as escolas católicas do Brasil em momentos de congratulação, de formação, de troca de experiências e de fortalecimento mútuo. Como o nosso território é muito extenso, os diálogos vão acontecendo em cada estado e levando à reflexão sobre as práticas e as novas tendências educacionais. O objetivo é, em síntese, fortalecer as escolas católicas como instituições contemporâneas, com espiritualidade, conhecimento e afetividade.

A senhora está no segundo mandato como coordenadora da ANEC Ceará. Já são 4 anos à frente da Instituição? Qual a sua avaliação sobre esse período de gestão?
Ir. Patrícia - Quando cheguei ao Ceará, comecei a participar como integrante da Associação, abraçando este desejo de conhecer as escolas, suas singularidades e, ao mesmo tempo, fortalecer o conjunto. Quando assumi, busquei integrar aqueles que já estavam há muito tempo com os que chegavam, em uma gestão muito coletiva. O conselho consultivo se reúne mensalmente; e a diretoria das Escolas, periodicamente. Há ainda a ação dos GTs – Pedagógico, Pastoral e Esportivo –, que fazem um trabalho mais direcionado e sistemático. É uma coordenação muito coletiva e, por isso, muito ativa.

Vivemos, nos últimos anos, um enorme desafio para as escolas, adaptar-se às mudanças impostas pela pandemia de COVID-19. Como foi enfrentar esse desafio através da ANEC?
Ir. Patrícia – Talvez o maior desafio dos últimos tempos. Adotamos encontros sistemáticos e tomamos decisões coletivas, respeitando as realidades de Fortaleza e das escolas. Ali sentimos a nossa força e atravessamos esses tempos difíceis, alinhados com as decisões do SINEPE e com orientações integradas e planejadas, o que levou a respostas rápidas diante de cada cenário e protocolos governamentais. Foi um momento de muita troca de experiências e de colaboração, por exemplo, com as escolas que não tinham muita experiência com as tecnologias educacionais. O intuito era não perder o foco e, com muito esforço, conseguimos nos reposicionar e superar as dificuldades. Passamos por alguns enfrentamentos, mas saímos mais fortalecidos, demonstrando segurança, tranquilidade e reorganizando todas as escolas. O cuidado com as pessoas vem sempre em primeiro lugar.  

Como equilibrar duas funções tão estratégicas e importantes como a coordenação da ANEC e a direção do Colégio Santa Cecília?
Ir. Patrícia – Na ANEC, temos diretrizes nacionais a serem seguidas e, para isso, existem as reuniões com os diretores e um planejamento anual. Então, não me sinto sozinha, é um processo coletivo. Além disso, temos um grupo de diretores com muita experiência, há mais tempo que eu, e uma assessoria muito atuante. As demandas são mais coletivas e sempre me coloco à disposição para a troca de experiências quando os assuntos são mais individualizados. Tudo isso me permite cumprir as minhas funções e os objetivos a que me proponho.

Quais são as metas da ANEC para este ano?
Ir. Patrícia - Continuarmos bem posicionadas como instituições de educação católica e investirmos ainda mais na modernização dos processos e gestão, sem perder a identidade, como também estarmos aptas a lidar com as questões atuais da sociedade, no sentido de acolher as diferenças e não nos fechar a elas.

A senhora é uma diretora jovem, que se empenha em conhecer realidades bem diferentes encontradas nas escolas católicas do Estado. Como esse gesto vem lhe transformando?
Ir. Patrícia - Eu costumo celebrar muito o esforço de cada uma, porque algumas precisam se superar para se manter ali, firmes, diante de grandes conglomerados que se instalam próximos. Eu costumo dizer que as escolas católicas são uma extensão das igrejas e precisam ser fortalecidas para darem continuidade à educação da fé católica, respeitando as outras crenças, mas também profundamente comprometidas com o ensino regular. Pessoalmente, meu grande desafio é ter tempo para acompanhar mais de perto essas escolas, inclusive presencialmente. Tentamos estar mais presentes realizando a cada seis meses os encontros em escolas diferentes.

A Campanha da Fraternidade deste ano volta a discutir Educação e a CNBB tem se posicionado de forma muito crítica em relação à desigualdade de oportunidades e acesso que a pandemia evidenciou. Qual a importância de estarmos sensíveis a isso?
A Escola é um campo privilegiado de formação e nós sabemos que o público das nossas escolas católicas, de modo geral, está em condições privilegiadas porque faz parte da educação privada. Isso nos faz refletir sobre as direções da nossa formação para estimular essas crianças e jovens a se tornarem cidadãos e profissionais sensibilizados por valores humanos e cristãos. Eles precisam construir o conhecimento integrado ao coletivo no qual estão inseridos. Ninguém vive em uma bolha, fazemos parte de uma sociedade e precisamos, a partir das circunstâncias, transformar os nossos privilégios em oportunidades para outros, sendo profissionais mais humanos, cristãos e sensíveis.     

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