A importância do brincar na infância e na adolescência
Em tempos nos quais as agendas de crianças e adolescentes estão cada vez mais cheias de compromisso e os dispositivos eletrônicos assumem lugar importante de lazer e socialização, pais e educadores têm sido questionados sobre os efeitos nocivos do uso das mídias, o limite do uso delas e convocados a realizar mudanças no sentido de oferecer um acesso que não prejudique o desenvolvimento de seus filhos e como atuar para promover o uso adequado das mídias digitais de modo que o desenvolvimento infantojuvenil se dê de forma ampla e saudável.
Junto a esse debate vem se afirmando a defesa do lúdico, resgatando a importância do brincar, do uso de brinquedos e de jogos que incentivam a imaginação, a construção, a socialização e a criatividade das crianças e dos adolescentes.
Vários estudos corroboram essa visão e alertam para os prejuízos de uma vida em que o contato face a face, o toque físico e real, assim como o tempo da construção dos inventos, fazem-se ausentes. A exploração de diferentes objetos, o contato com a natureza e toda sua diversidade precisam ganhar novamente espaço na experiência infantojuvenil e serem ofertados e valorizados.
O psicólogo americano Jonathan Haidt, no livro A geração ansiosa: Como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais, destaca a importância do brincar não estruturado no desenvolvimento infantojuvenil. Haidt argumenta que essa maneira de brincar permite que as crianças e jovens explorem suas emoções, desenvolvam habilidades sociais e enfrentem desafios. Ao interagir com seus pares sem supervisão excessiva, eles aprendem a resolver conflitos e a tomar decisões, construindo resiliência e autonomia.
O brincar, muito mais do que uma forma de diversão, é também um recurso essencial para o desenvolvimento emocional, social, cognitivo e físico. Para as crianças, é através do brincar que exploram o mundo ao seu redor, desenvolvem habilidades motoras e criam laços com outras pessoas. Por meio da imaginação, das brincadeiras simbólicas e dos jogos de regras, por exemplo, aprendem a lidar com seus sentimentos, frustrações, a negociar e a conviver com o outro.
Na adolescência, esse brincar ganha novas formas, mas continua importante para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Jogos, esportes, atividades artísticas e as interações sociais lúdicas proporcionam um espaço saudável para que os adolescentes vivam novas experiências e desenvolvam sua autonomia e maturidade. Além disso, em um período da vida marcado por tantas mudanças, essas atividades ajudam a aliviar o estresse e a fortalecer vínculos com amigos e familiares, além de favorecer a descoberta de habilidades e potencialidades, necessários para a construção da autoestima e autoconfiança.
Brincar não precisa ser complicado, é criar oportunidades para que os jovens se desconectem do mundo digital e se conectem mais profundamente com eles mesmos e com os outros. Embora a tecnologia tenha seu espaço na vida contemporânea, ela não substitui o valor das interações presenciais que ocorrem de modo espontâneo, ao ar livre, ou mesmo no espaço criativo de suas casas e escolas.
O tempo investido no brincar hoje fará nossas crianças e adolescentes florescerem e entrarem em contato com o seu potencial e, assim, encontrarem uma relação mais satisfatória com o mundo, fator relevante na saúde emocional dos adultos que se tornarão amanhã.
Sugestão de leitura:
“A geração ansiosa: Como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais”, do psicólogo, professor e escritor Jonathan Haidt.
Serviço de Psicologia Escolar – SPE
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