Cidadania Digital: Um diálogo contínuo
Direcionar nossas crianças e adolescentes para uma navegação saudável, segura e respeitosa na internet e demais dispositivos digitais é o desafio atual e uma tarefa conjunta que requer uma verdadeira e planejada união de esforços entre famílias e escolas.
O primeiro passo começa com a conscientização dos adultos sobre como podem usufruir dos avanços tecnológicos de forma segura e adequada. Da mesma forma, com relação ao papel que desempenham enquanto exemplos e referências que representam para os mais jovens.
Sob tal perspectiva e com o objetivo de orientar o aprendizado conjunto sobre a cidadania digital e efetivamente colocá-la em prática, Mike Ribble, uma das maiores referências em cidadania digital do mundo, autor dos livros “Raising a Digital Child” (“Educando a Criança Digital") e “Digital Citizenship in Schools” (“Cidadania Digital nas Escolas”), desenvolveu nove elementos da cidadania digital. São eles:
- acesso digital (inclusão eletrônica);
- comércio digital (compra e venda de produtos on-line);
- comunicação digital (troca de informações on-line);
- alfabetização digital (capacidade de usar as tecnologias digitais);
- etiqueta digital (padrão de conduta dos usuários da internet);
- lei digital (direitos e restrições legais para o uso da tecnologia);
- direito e responsabilidade digital (direitos e deveres);
- saúde e bem-estar digital (ligados ao uso da tecnologia);
- segurança digital (precauções para a segurança pessoal e da rede de contatos).
Esses elementos, adotados pela International Society for Technology in Education (ISTE), têm servido como diretrizes seguras para a atuação da família e da escola no esforço de educar para a cidadania digital, compreendendo as especificidades de cada faixa etária e fases de desenvolvimento.
Ao observar os elementos citados acima, deve-se questionar: quais tópicos de cidadania digital são essenciais para esta criança ou adolescente que está sob minha responsabilidade?
É um fato, não há como ignorar as mudanças e demandas que as novas tecnologias apresentam nas relações pessoais, no âmbito do desenvolvimento de habilidades socioemocionais e das aprendizagens do campo educacional. O aumento constante da interação de crianças e adolescentes com o mundo virtual é, por muitas vezes, inevitável, e o uso saudável desse ambiente e de tudo o que ele oferece passa, sem dúvida, pela educação e pela cidadania digital, que têm o poder de formar cidadãos conscientes de seu papel na sociedade e das melhores práticas on-line, para o exercício de seus próprios direitos e deveres.
Tanto a família quanto a escola desempenham papéis cruciais na formação para a cidadania digital. A família é o primeiro ambiente de socialização da criança, responsável por estabelecer valores e princípios que orientam a construção de seu caráter e personalidade. Também funciona como espaço de regulação de regras, supervisão e acompanhamento de comportamentos e hábitos fundamentais para a boa convivência e a cultura para a paz.
A escola, por sua vez, tem a responsabilidade de fornecer a base teórica e prática para que crianças e adolescentes possam desenvolver habilidades e competências necessárias para a cidadania digital, além de ser um espaço para discussões e debates sobre questões relacionadas à tecnologia.
No sentido de continuar esse diálogo de parceria, seguem algumas orientações eficazes na educação para a cidadania digital:
- Estabelecer limites: definir horários e espaços apropriados para o uso da tecnologia em casa e na escola.
- Orientação e recursos: fornecer orientações e recursos para ajudar crianças e adolescentes a utilizar a internet de forma segura e responsável, mesmo não dispondo da mesma destreza que o jovem com os aparatos tecnológicos.
- Rotina de acompanhamento: manter, como rotina, a orientação e o acompanhamento do uso do(a) filho(a) logo que for disponibilizado a ele(a) um dispositivo eletrônico. Não se “entrega” um dispositivo que garante acesso a todo tipo de informação e interação sem supervisão.
- Diálogo aberto: incentivar o diálogo aberto sobre questões relacionadas à tecnologia, promovendo a reflexão e a discussão crítica.
- Desenvolvimento de habilidades digitais: estimular o desenvolvimento de habilidades digitais, como pesquisa e avaliação de informações on-line, criação de conteúdo digital e uso produtivo de ferramentas tecnológicas.
- Integração na educação: promover a formação para a cidadania digital como parte integrante da educação, incluindo disciplinas e atividades que desenvolvam a consciência crítica e responsável em relação à tecnologia.
A cidadania digital não é apenas uma habilidade, mas um princípio que orienta o comportamento on-line e off-line. Trabalhando em conjunto, família e escola podem oferecer aos alunos ferramentas e conhecimentos necessários para que tirem o melhor e mais seguro proveito das oportunidades que as novas tecnologias oferecem.
Segue material complementar, disponibilizado pela Alessandra Borelli, para facilitar o diálogo com crianças e adolescentes sobre esse tema.
(Texto adaptado de Alessandra Borelli: Advogada especialista em Direito Digital e Proteção de Dados, palestrante, autora do livro “Crianças e adolescentes no mundo digital – orientações essenciais”.)
Anexo | Tamanho |
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cidadania_digital_-_tecendo_dialogos_.pdf | 289.02 KB |