Tecendo Diálogos

Tecendo Diálogos - O papel do adulto na regulação do uso das mídias digitais por crianças e adolescentes.

Tecnologias digitais e seu impacto nas relações sociais: orientações e recursos para o uso seguro
23/05/2023

As diferentes tecnologias digitais criaram novas formas de sociabilidade que propiciaram diversas possibilidades de ação e interação no mundo social, repercutindo em como nos relacionamos com nós mesmos, com o outro e com o mundo. Muito se tem discutido sobre como elas devem ser utilizadas por crianças e adolescentes, qual a sua função social e suas repercussões no desenvolvimento desse público.

Vygotsky, psicólogo pioneiro no conceito de desenvolvimento humano, ressalta que o funcionamento psicológico tem como base as relações sociais, em especial as relações primárias, que engajam a criança no mundo. Daí as crianças pequenas precisarem de interações face a face, estabelecidas com um outro instigante e acolhedor, capaz de suprir suas necessidades e lhes garantir uma rica exploração sensorial do mundo que as cerca.

O contato com a natureza, a exploração do ambiente e as trocas são o grande motor para um desenvolvimento saudável. O tempo de tela, portanto, deve ser mínimo e nunca ser substituído pela interação com o mundo social e físico. Ao contrário do que se pensa, o uso precoce das mídias digitais pode repercutir em atrasos no desenvolvimento, como é o caso da linguagem e da socialização.

Já para o adolescente, o que se ressalta é a conexão empática dos adultos que o cercam com o seu tempo emocional, marcado pela necessidade de identificação com os pares. Muitas vezes, o adolescente não costuma prever as consequências de seus atos e de sua exposição nesses meios, agindo de forma impulsiva e até ingênua. Além disso, de uma forma geral, a internet oferece um espaço com grande diversidade de oportunidades de exploração e novidades atrativas, podendo ser considerada como um ambiente público, com espaços e pessoas desconhecidas. Sem dúvida, essas circunstâncias nos pedem um olhar atento e cuidadoso, zelando pela segurança e proteção contra alguns riscos e abusos que esse mundo sem fronteiras pode proporcionar.

Como todos os ambientes que circulamos, a Internet pede não só um controle do que se acessa, de acordo com a maturidade referente à fase de desenvolvimento de seus usuários, como também um código de conduta: respeito ao outro, saber o que é possível acessar e como utilizar esse material. As regras que regulam nossa convivência precisam ser afirmadas, pois, muitas vezes, “parecem” não existir no mundo virtual, apesar de terem um efeito tão importante e intenso quanto o que é vivido no mundo real, como é o caso do cyberbullying, do sexting, do aliciamento e do uso excessivo. O anonimato que o mundo virtual propicia, que pode ser experimentado como uma “liberação” das responsabilidades, não contribui para o desenvolvimento de uma postura empática, ética e crítica nesse espaço social.

Considerando que os diversos tipos de telas e mídias digitais fazem parte dessa geração, cabe aos adultos a responsabilidade de ajudar crianças e adolescentes a aprenderem a se autorregular nessa nova realidade marcada pelo instantâneo, mediando o acesso a esse universo, ponderando o que pode ser acessado, como deve ser a interação por essa via e o tempo que é destinado a esse espaço virtual. O público infantojuvenil necessita de medidas educativas, preventivas e de monitoramento para usufruírem desse universo com segurança e de forma adequada, tendo sua privacidade e seus direitos assegurados.

Destacamos a importância de uma presença efetiva e escuta genuína às necessidades da faixa etária dos filhos, ocupando o lugar que cabe a quem cuida e é responsável de desenvolver as habilidades que garantam um caminhar seguro e responsável para crianças e adolescentes, que são seres em desenvolvimento e que não têm maturidade para gerir sozinhos alguns desafios.

O uso abusivo da internet pode causar adoecimento e ser caracterizado pelos seguintes comportamentos: não conseguir ficar sem jogar ou usar a Internet, permanecendo muito tempo em exposição à tela; utilizar todo o tempo livre para ficar on-line, deixando de lado outras atividades como frequência à escola, estudo, passeios, esporte e o contato real com os amigos e familiares; apresentar instabilidade emocional (crises de raiva, choro, comportamentos autolesivos) em resposta à restrição do uso das telas.

Esses comportamentos podem acarretar queda no rendimento escolar, dificuldade de concentração, alterações na rotina, como no sono, na alimentação, na organização pessoal, cuidados com a higiene, irritabilidade quando não está conectado, entre outros.

É importante ressaltar que o uso exagerado da internet  pode ser um sinal de que algo não está bem nas relações sociais e/ou interações familiares, havendo a necessidade de se repensar a rotina, tornando-a mais rica e afetiva, como também pode revelar algum problema que a criança ou o adolescente está vivenciando e faz uso do mundo virtual como um refúgio, como quando nos sentimos tristes, ansiosos ou com algum problema e nos refugiamos em alguma atividade para esquecer o que estamos vivendo ou sentindo.

Desse modo, para contribuir nesse importante papel, disponibilizamos alguns links, sendo um deles referente às recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre o uso de telas e outros que dão suporte ao acompanhamento da família e orientam sobre o uso seguro da internet por meio de dispositivos de controle parental.

 

https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-atualiza-recomendacoes-sobre-saude-de-criancas-e-adolescentes-na-era-digital/

https://new.safernet.org.br/ - SaferNet: é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que reúne cientistas da computação, professores, pesquisadores e bacharéis em direito com a missão de defender e promover os direitos humanos na Internet.

https://families.google/intl/pt-BR_ALL/familylink/ - Google Family: ferramentas de proteção on-line.

https://www.kaspersky.com.br/safe-kids - Aplicativo digital de controle parental.

 

 

Serviço de Psicologia Escolar

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