“A família na educação para o consumo” foi só um pretexto para que o jornalista e escritor Flávio Paiva conduzisse os pais que participaram do Ciclo de Palestras por uma prazerosa viagem. A simplicidade costurou toda a história pautada pela própria experiência pessoal do escritor, que pôs em cena Lucas e Artur, os filhos, e a mulher Andréa.

É preciso sabedoria para tomar assunto de tamanha complexidade, o consumismo, e traduzir numa vida vivida cotidianamente. Flávio foi desnaturalizando a inércia, os falsos consensos, o senso comum. O mundo é mais complexo do que era antes? O conhecimento é desnecessário para o sucesso? Ser bem-sucedido é uma questão de esperteza?... Nada disso. Inspirado no cubo mágico (Cubo de Rubik), um brinquedo engenhoso, Flávio montou um quebra-cabeça em nove atos, cujo eixo é a cultura, permitindo o entrelaçamento do vivido.

Se as palavras convencem, o exemplo é ainda mais mobilizador. Enquanto o palestrante discorria sobre os possíveis contrapontos à pressão consumista, os filhos, permanentemente citados, roubavam discretamente a cena. Lucas, nos bastidores, operava o programa com a apresentação do pai que ele mesmo montou e assinou como design gráfico. Artur se encarregou de fotografar e trocar sorrisos e olhares cúmplices a cada história saborosamente narrada pelo escritor.

Em pauta, acolhimento, jogos, narrativa, arte, letramento virtual, oficina, viagem, descompressão, emancipação.  O que o Flávio Paiva trouxe foi a possibilidade de se inventar outros modos de vida, que passam pelo compartilhamento dos espaços, pela criação de jogos e códigos próprios em família, por usufruir da cena urbana, pela busca da experiência estética, por criar rituais que desautomatizem as relações amorosas e criem contra-narrativas cotidianas. É como cantar uma nova canção. 

Leia a coluna do jornalista, no Diário do Nordeste, sobre o tema