Tecendo Diálogos sobre a Importância dos Habitos

Tecendo Diálogos sobre a Importância dos Habitos

Orientações sobre como criamos novos hábitos
02/09/2022

Estabelecer hábitos adequados para o crescimento e o desenvolvimento dos filhos na busca de criar uma rotina estável, eficiente e saudável sempre foi um grande desafio das famílias. Tal desafio parece estar maior neste ano, quando crianças e adolescentes precisaram reorganizar suas atividades pessoais e escolares depois de quase dois anos de pandemia, período em que suas vidas foram viradas ao avesso e suas rotinas tornaram-se confusas e instáveis.

Mesmo depois de meses do início presencial das aulas, sabemos que muitos ainda sofrem com a dificuldade de se organizar e dar conta de suas demandas. Por isso, convidamos as famílias para entender um pouco mais sobre a importância dos hábitos, a fim de que possam auxiliar seus filhos.

Muitas das nossas qualidades pessoais são frutos do hábito: trancamos automaticamente a porta quando saímos de casa, acionamos a seta do carro quando estamos prestes a mudar de faixa e beijamos os filhos todos os dias quando eles saem para a escola.

O hábito de fazer algo geralmente é tão eficiente e silencioso que podemos acreditar que o praticamos em decorrência de uma decisão consciente. No entanto, a característica que o define é que ele ocorre sem a interferência da consciência e exigindo pouco ou nenhum esforço para sua execução.

O circuito neural do hábito tem a função de captar as respostas que são regularmente repetidas ao longo do tempo. Assim, cada vez que agimos da mesma maneira, ou seja, repetimos a mesma ação, as marcas se fortalecem na nossa memória e se tornam persistentes. Assim, mesmo depois de anos, ao retomar um hábito do passado, conseguimos reproduzi-lo tão bem quanto antes. Ao voltarmos a andar de bicicleta, por exemplo, conseguimos nos equilibrar e acionar os pedais sem pensar e ainda podemos conversar com outras pessoas ou apreciar a paisagem sem esforço extra ou desgaste.

Agir de acordo com os hábitos traz muitos benefícios e o principal é liberar nossa mente consciente para realizar tarefas para as quais foi projetada, como resolver problemas. Ou seja, quando nos rendemos aos hábitos, a mente fica livre para realizar tarefas mais relevantes.

Os hábitos também são porto seguro em tempos estressantes. Vivemos um tempo em que está cada vez mais comum ouvirmos pessoas, inclusive crianças e jovens, relatando sobre seus sinais de estresse, ansiedade e fadiga. E, diferente do que muitos pensam, esses aspectos não são apenas psicológicos, eles afetam o organismo como um todo: funcionamento hormonal, pensamentos, sentimentos, ações, capacidade resolutiva. Quando já temos adquirido bons hábitos, estes nos sustentam e ampliam nosso desempenho para que possamos dedicar nossa energia a outros aspectos da vida que precisam ser cuidados.

Hábitos são construídos! Isto é, podemos mudar hábitos indesejados e desenvolver bons hábitos que sejam coerentes com nossos objetivos, que funcionem a nosso favor e que, dessa forma, orientem nossas ações para o alcance do que desejamos.

Listamos algumas orientações sobre como criamos novos hábitos:

  • Realize repetições: Para estabelecermos um hábito nas redes neurais e nos sistemas de memória é preciso realizar várias vezes uma nova ação, mesmo se esta for difícil e demorar um pouco mais para ser automatizada.
  • Elimine as distrações: Tendemos a ignorar o quanto as ações são motivadas pelo ambiente e pelas pressões sociais exercidas sobre nós. Uma estratégia fundamental para estabelecermos novos hábitos e atingirmos os nossos objetivos é o ajuste do ambiente físico e social para eliminar as distrações que prejudicam o exercício do hábito a ser adquirido.
  • Associe hábito à recompensa: O hábito é um tipo de ação relativamente insensível a recompensas, porém elas são importantes quando se quer iniciar um novo hábito. Essas recompensas precisam ser vivenciadas logo após a ação para criar as associações de hábitos na memória. As mais eficazes para a formação de hábitos em geral são as recompensas intrínsecas a um comportamento ou a uma parte da própria ação, como, por exemplo, a recompensa por ter uma boa alimentação é uma melhora da saúde e do bem-estar.
  • Faça associação entre hábitos: Ligar um novo comportamento a um hábito já existente é um bom truque para formar um novo hábito. A agregação funciona melhor quando o novo comportamento é semelhante ao hábito já existente. Por exemplo, organizar o material escolar logo depois do fim das tarefas, escovar os dentes logo após o banho.

 

Pensando na rotina de estudos das nossas crianças e adolescentes e sabendo da importância dela para o aprendizado, apresentamos um exemplo bem prático baseado nos quatro (4) elementos básicos do hábito:

1 - Criar um contexto estável: Definir, para cada dia, um horário específico para a realização das tarefas e/ou para o estudo do conteúdo abordado em aula;

2 - Reduzir possíveis atritos: Preparar um local de estudos que seja estimulante e facilitador da concentração, eliminando possíveis distratores, como o celular, os brinquedos e o computador;

3 - Tornar o evento gratificante: Estabelecer um clima emocional favorável e proporcionar materiais escolares estimulantes são algumas alternativas;

4 - Repetir para automatizar: Evitar mudanças na rotina, como marcar outros eventos no horário do estudo ou trocar horários com outras atividades.

 

Por fim, uma informação valiosa: ao tentarmos estabelecer um novo hábito, se acontecer de retomarmos o antigo que pretendemos eliminar, não perderemos o esforço que estava sendo feito para a construção do novo. Por isso, não devemos desanimar e, sim, logo que possível, recomeçar o comportamento com persistência e repetição, fazendo os ajustes necessários em nosso contexto para facilitar sua execução.

Serviço de Psicologia Escolar – SPE

(Texto adaptado do livro “Bons hábitos, maus hábitos: Um método científico para promover mudanças positivas e duradouras”, da psicóloga Wendy Wood)

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